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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Aspectos sobre a vida comunitária tratados nos Capítulos Gerais da Ordem*



Comunidade, democracia e espiritualidade

1.Antes de tudo, irmãos caríssimos, amemos a Deus e também ao próximo, pois estes são os dois principais mandamentos que nos foram dados. É isto que vos mandamos guardar, a vós que viveis no mosteiro.
Em primeiro lugar, foi para isto que vos reunistes em comunidade: para que habiteis unânimes na mesma casa, tendo uma só alma e um só coração em Deus. E não digais “isto me pertence”, mas, para vós, tudo seja em comum. O vosso superior distribua a cada de vós o alimento e a roupa, não de modo igual para todos – pois não tendes todos forças iguais -, mas, antes, a cada um segundo a sua necessidade. Com efeito, ledes nos Atos dos Apóstolos que entre eles tudo era comum, e distribuí-se a cada um conforme a necessidade que tivesse (At 4,32.35).
8.Conceda o Senhor que observeis tudo isto com agrado, como amantes da beleza espiritual, exalando em vosso comportamento o bom odor de Cristo, não como servos sob o peso da lei, mas como homens livres sob a força da graça. Mas, para que possais ver-vos neste pequeno livro como num espelho e nada se deixe de cumprir, por esquecimento, leia-se uma vez por semana. E se vedes que cumpris todas as prescrições aqui apresentadas, dai graças a Deus, distribuidor de todos os bens; se, porém, algum de vós reparar haver falhado em alguma coisa, lamente o passado, precavenha-se para o futuro, rogando a Deus lhe perdoe a sua falta e não o deixe cair na tentação. Amem.
(Regra de Santo Agostinho, nn. 1a, 1b e 8)
Da vida comum
2 - § I – Conforme nos adverte a Regra, o que em primeiro lugar nos levou a congregar-nos em comunidade foi para vivermos unânimes em casa, com uma só alma e um só coração em Deus. E esta unidade alcança a sua plenitude, para além dos limites do Convento, na comunhão com a Província e com toda a Ordem.
§ II – A unanimidade da nossa vida, enraizada no amor de Deus, deve testemunhar a reconciliação universal em Cristo, pregada com a nossa palavra.
4. § I – Para que cada convento constitua uma comunidade de irmãos, todos devem aceitar-se e estimar-se mutuamente como membros do mesmo corpo, distintos, sem dúvida, pela sua índole e ofício, mas iguais no vínculo do amor e da profissão.
§ II – Conscientes da sua responsabilidade para com o bem comum, os irmãos aceitem, de boa vontade, os cargos no convento e prestem-se gostosamente a substituir os outros em qualquer tarefa, e a ajudar os que vejam mais sobrecarregados.
17. § I – No início da Ordem, S. Domingos pedia aos seus irmãos lhe prometessem comunidade e obediência. Ele próprio se submetia humildemente às disposições e, sobretudo, às leis que, com deliberação, o Capítulo Geral dos irmãos promulgava. Mas, fora do Capítulo Geral, exigia de todos a obediência voluntária, com benignidade, sem dúvida, mas também com firmeza, nas coisas que ele mesmo, no governo da Ordem, ordenava, depois de uma conveniente deliberação. Na verdade, uma comunidade, para permanecer fiel ao seu espírito e à sua missão, necessidade do princípio da unidade, que se obtém pela obediência.
(LCO, nn. 2, 4 e 17)

2.3.7 É ilusório acreditar que a questão da afetividade e da vida comum encontra a sua solução na formação de “comunidades homogêneas”, constituídas por cooptação a partir de sensibilidades comuns. Tais comunidades negam a necessária alteridade e o indispensável pluralismo que fazem a riqueza de nossas comunidades dominicanas.
(Capítulo Geral do México, 1992)

“Esta diversidade dos frades é a força de nossa Ordem, e sua alegria. Na Ordem, os mundos tanto de referências como os culturais, compreendendo também os eclesiais e os teológicos, são diversos. Nossa vocação é a de fazer que esta diversidade seja lugar de emergência e de partilha do Evangelho entre nós, na estima mútua de uns pelos outros em suas diferenças e particularidades, sem condições preambulares, mas sim acolhendo a graça de ter tê-los todos por irmãos e de partilhar com todos eles uma mesma missão. Através desta diversidade, a Luz do Evangelho da verdade se faz sempre mais viva, afirma-se como um dom da alegre liberdade que nos faz livres, e nos conduz à unanimidade. É deste modo que nosso desejo de nos tornarmos pregadores da graça para a humanidade inteira nos conduz a querer viver a graça da fraternidade”.
(Frei Bruno Cadoré, OP. “Carta de Promulgação”, Capítulo Geral de Roma, 2010, pp. 6-7)



“54.As relações entre vida fraterna e atividade apostólica, em particular nos institutos dedicados às obras de apostolado, não têm sido sempre claras e não raramente têm provocado tensões, tanto na vida particular como na vida em comunidade. Para alguns, o “fazer comunidade” representa um obstáculo para a missão, quase um perder tempo em questões, afinal, secundárias. É necessário lembrar a todos que a comunhão fraterna, enquanto tal, já é apostolado, isto é, contribuiu diretamente para a obra de evangelização. De fato, o sinal por excelência deixado pelo Senhor é o da fraternidade vivida: ‘Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros’ (Jo 13,35)” (...).
55.A comunidade religiosa se, enquanto cultiva em seu seio a vida fraterna, tem presente, de forma contínua e legível, esse “sinal” do qual a Igreja tem necessidade sobretudo na tarefa da nova evangelização.
(“A vida fraterna em comunidade”, documento da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada a as Sociedades de Vida Apostólica)



A vida fraterna em comunidade
“Começo por este ponto que tratei brevemente na homilia final, como o recordarão. Através de nossa resposta ao chamado de Jesus, temos formado uma comunidade nova, que não provém da ‘carne nem do sangue, nem de desejo humano, mas de haver nascido de Deus”, uma fraternidade que está fundada e se constitui por nossa solicitude em fazer a vontade do Pai. Naquela homilia, dizia isto a propósito da possível união das entidades. Agora o reitero como um pensamento que deve guiar concretamente suas reflexões e buscas, não só em ordem à unificação das entidades, mas também para revisar e fortalecer a vida das comunidades.
Devemos procurar e cultivar esta fraternidade quotidianamente, não só como mero desejo ou sentimento vago de pertença a uma Ordem, para o qual é conveniente, evidentemente, encontrar e estabelecer as formas apropriadas. Sei que isto é difícil em um país tão vasto e, além do mais, estando todos comprometidos com tantas tarefas apostólicas. Entretanto, quero assinalar este ponto que é capital para manter uma presença vigorosa e contínua, como quase sempre o requer a missão mesma, sem cair no individualismo. Falamos muito sobre este perigo, às vezes o próprio compromisso apostólico não nos permite vê-lo, o qual pode acabar quando menos o pensamos até com nossos próprios compromissos, por esgotamento espiritual e humano, não digamos já com os compromissos que, como Ordem, são assumidos por todos. Pensem concretamente como, às vezes, os ônus para esta ou aquela atividade importante, as mudanças necessárias e a disponibilidade para assumi-los tornam quase impossíveis e geram um estancamento que provoca desânimo.
Levando, pois, em consideração a condição de cada um, sua própria história, as circunstâncias de cada comunidade, a índole dos compromissos apostólicos, peço aos superiores locais e das entidades e a todos vocês que vejam a maneira de fortalecer os vínculos fraternos de colaboração entre irmãos e comunidade, que, na hora de examinar a missão da Ordem no Brasil, tenham em conta este ponto que é fundamental em nossa vida”.
(Carta do Mestre da Ordem frei Timothy Radcliffe, de conclusão de sua visita ao Brasil, datada de 31 de julho de 1996)



“Partilha fraterna
120.A partilha fraterna deve acontecer em três níveis: afetivo, das tarefas comunitárias e econômico.
121.A nossa afetividade se exprime pela confiança mútua, pela aceitação do irmão como ele é e pela valorização dos talentos pessoais.
122. A partilha fraterna requer que cada um assuma, com disponibilidade e generosidade, as tarefas necessárias para que a comunidade se estruture eficientemente.
123. Que cada comunidade promova, nas reuniões conventuais, a prestação de contas das entradas e saídas, e, a partir destes dados, reflexão sobre o voto de pobreza.
Da unidade institucional para a unidade de corações
124.A fim de se passar da unidade institucional para a unidade de corações, a disponibilidade dos frades em participar na revisão dos quadros conventuais é de fundamental importância.
125.Em se tratando da primeira assinação de um jovem religioso, cuide-se que o recém-assinado possa integrar-se na vida da sua nova comunidade e seja acompanhado no seu crescimento humano e religioso.
Saúde e aposentadoria
126. Que todos os frades após a sua primeira profissão sejam integrados num plano provincial de saúde e inscritos no INSS.
127. Cada comunidade cuide do seu planejamento comunitário, para que todos os frades tenham anualmente um período de férias.
128. Ao completar 70 anos de idade, o religioso replaneje com o Provincial o ritmo das suas atividades.
(Atas do I Capítulo Provincial da Província “frei Bartolomeu de las Casas” – 1998)



Vida Comum
23.EXORTAMOS a todos os frades a não deixarem de estudar e aprofundar as Atas deste Capítulo, individual e comunitariamente.
A vida comum, inspirada na forma apostólica de vive-la, faz parte da natureza da vida consagrada e do modo de viver adotado por S. Domingos, guardando os elementos da vida dominicana que devem estar interligados em vista da Pregação: vida fraterna, estudo e oração (cf. LCO 1§ IV). EXORTAMOS que a vida comum, com base na partilha, corresponsabilidade e fraternidade, seja o fundamento da convivência de cada comunidade e da Província como um todo, como exigência de nossa própria vida e missão.
24.ORDENAMOS que, em espírito comunitário, tanto a Província como cada Convento ou Casa façam o seu planejamento no início do ano, conforme prescrevem as nossas Constituições (cf. LCO 107 e 311 § 1), e em atendimento às recomendações dos últimos Capítulos Gerais e às prescrições do Mestre da Ordem, presentes na carta conclusiva da visita canônica feita à nossa Província em 2008.
25.Em nossa Província constatamos um avanço do individualismo: alguns não partilham os seus ganhos com a comunidade, gerando insegurança e desconfiança. EXORTAMOS a todos a observarem o voto de pobreza, colocando tudo aquilo que ganham em comum (cf. LCO 538 § 2; Atas do III Capítulo, de 2006, n. 154).
26.ORDENAMOS que as nossas comunidades, pelo menos uma vez por mês, façam as suas reuniões, para que, em diálogo fraterno, explicitando também o que há de positivo em cada irmão, planejem e revejam as suas atividades comunitárias e apostólicas, tendo sempre algum tema para reflexão e estudo.
27.RECOMENDAMOS que nossa fraternidade nos leve: a ter maior entrosamento entre as comunidades mais próximas; a ser mais afetuosos com todos os irmãos, especialmente os idosos e doentes, visitando-os e dedicando-lhes o devido cuidado.
28.A oração, base de toda a vida cristã, é exigência absoluta da nossa vida consagrada e dominicana.
29.EXORTAMOS as nossas comunidades, por pequenas que sejam, a fazerem boa programação de sua oração e liturgia;
30.EXORTAMOS que cada comunidade encontre o seu modo de ter uma liturgia eucarística, experimentada como centro de suas vidas e motivação para a evangelização (cf. LCO 105 § IV).
31.LEMBRAMOS que negligenciar a oração pessoal significa arrefecimento da vida comunitária e da própria missão. “Todos os irmãos dediquem pelo menos meia hora à oração mental” (LCO 66 § II).


*Compilação de frei André Tavares, OP 

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