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sábado, 12 de março de 2011

Sobre o hábito Dominicano (About the Dominican habit)

Perguntas frequentes sobre o hábito dominicano [1]
(Trad. Fr, Leandro Glerean, OP)

Primeiramente, a palavra “hábito” provém do Latim, habitus que, entre outras coisas, significa simplesmente vestimenta. Entretanto, o hábito religioso não é somente uma vestimenta mas possui também um valor simbólico. Como consta no § 51 da Constituição Dominicana, o hábito é usado “como um sinal de nossa consagração”. Portanto, é também a lembrança ao irmão da vida consagrada à qual ele devotou sua vida, e ainda um sinal aos demais do seu compromisso com Cristo e com os votos que assumiu. Assim, o historiador dominicano William Hinnebusch afirma que “a vestimenta, a cor e o corte expressam a pobreza, castidade e obediência (que o frade) assumiu”.

O hábito está localizado sob a seção da “Observância Regular” na referida Constituição, e é descrito assim: “O hábito da ordem é composto por túnica, escapulário e capuz brancos, juntamente com capa e capuz negros, cinto de couro e rosário” (§50). Em seguida, o apêndice (3) detalha instruções de alfaiataria para o hábito e as proporções de cada parte em relação às outras. O apêndice, no entanto, não detalha o tecido a ser usado, como a capa é presa, o tipo e a cor dos sapatos, a cor do rosário nem quantas dezenas deveriam possuir. Assim, estas considerações foram deixadas à preferência de cada um.

Talvez seja necessário explicar os termos usados pelas Constituições. A túnica é uma vestimenta longa que cobre até o tornozelo, com mangas compridas que possam ser simplesmente dobradas, ou ter botões para prendê-las no lugar.

O escapulário é uma longa peça de tecido com um orifício cortado no meio para a cabeça; esta peça é pendurada nos ombros e cobre a frente e as costas da túnica. Deve sobrar, aproximadamente, a largura de uma mão na parte inferior, e larga o suficiente para cobrir a “junção das mangas com a túnica”.

O capuz é um chapéu ligado a uma peça de tecido circular que cai sobre os ombros e desce para uma pequena parte das costas. Este capuz costumava ser simplesmente acoplado ao escapulário (como o hábito dos cartuchos), mas desde certo tempo ele tornou-se desvinculado do escapulário e evoluiu para uma bastante elegante capa de ombros com capuz.
A capa preta, de onde ganhamos o nome de Frades Negros, é simplesmente uma grande capa que cobre quase que totalmente o hábito branco. Era usada para aquecer e viajar. Esta também possuía um capuz que foi retirado, resultando no capuz negro.
Assim, o hábito dominicano completo possui cinco itens de vestuário, mais o cinto de couro e o Rosário.

O mesmo hábito é utilizado por todos os frades dominicanos. Até o Vaticano II, os frades não clérigos (irmãos cooperadores), como São Martinho de Porres, usavam o hábito que não possuía a capa preta e o escapulário era preto ao invés de branco.

Tradicionalmente a capa é usada “durante o inverno e durante alguns serviços litúrgicos, quando os frades atendem confissões, pregam, assistem aos leigos, ou deixam o priorado”. Na Província Inglesa, é utilizada no coro no Dia de Todos os Santos (2 de Novembro) até o Glória da Vigília Pascal, e em outras ocasiões litúrgicas como profissões, funerais e procissões. Os dominicanos recebem o hábito no início do noviciado [2], e, eventualmente, também são enterrados com ele. Quanto à sua utilização, as Constituições falam somente que devem ser utilizados dentro dos conventos, “a menos que, por alguma boa razão, o prior provincial determine outra coisa” (§51). Para o uso do hábito fora dos conventos, normalmente segue-se o costume do convento, além de a província poder dar diretrizes, se necessário. Na Província Inglesa, ao frade é dado escolher prudentemente quanto usar ou não o hábito nas ruas. A maioria dos frades usará o hábito sempre que estiverem engajados em trabalhos da Ordem, como dar palestras e retiros, ensinando, em peregrinações, etc.

A legislação atual não menciona de que material o hábito deve ser feito. Costuma-se estipular lã, e na Província Inglesa, nós normalmente temos nossos hábitos feitos de uma lá mista, e a capa de lá pura. Estes hábitos geralmente são feitos por dois leigos dominicanos e elas nos fornecem o material. As pessoas geralmente questionam porque existem hábitos brancos e creme. Isto se refere a aspectos práticos: a disponibilidade do material, e do alfaiate. Alguns hábitos, que tendem a ser usados no verão, são provenientes dos trópicos. Um exemplo são os hábitos de nossos irmãos de nosso Vicariato em Granada e Barbados que tendem ser feitos de algodão branco leve. Os frades geralmente são providos com um hábito no início de seu noviciado e podem pedir outro em sua profissão, se necessitarem de um. Porém, se ele precisar de hábitos mais leves, deverá procurar alguém que os faça. O resultado é uma interessante mistura de hábitos de distintos lugares e alfaiates quando nos sentamos no coro! Esta falta de uniformidade não é nova. Hinnebusch nota que na Idade Média “tonalidades e cores variavam de província para província, até mesmo de casa para casa”.

Finalmente, algumas pessoas questionam se usamos nossos capuzes para cobrir nossa cabeça, se sim, quando. Não temos quaisquer costumes ou regras referentes ao uso, de modo que eles são criados, se um frade individualmente assim o desejar, simplesmente por razões práticas: para manter a cabeça aquecida no frio, para diminuir distrações durante a oração pessoal, manter a cabeça seca quando estiver chovendo. No entanto, uma resposta mais completa com explicações históricas pode ser encontrada no site de Liturgia Dominicana. Há uma notável liberdade no uso do hábito. Ultimamente, acho que deveria nos ajudar a nos formar na observância de nossos votos de pobreza, castidade e obediência, e ser usado em concordância com isso. Assim, os primeiros dominicanos enfatizaram em suas histórias, a Vitae Fratrum, que o hábito era sagrado e um símbolo de salvação. Não importa o quanto, muito ou pouco, os frades vestem o hábito, acredito que ainda mantém a verdade de que todo dominicano ama o hábito. Assim como nossos irmãos ao longo dos séculos, afirmamos em nossas lendas que “Maria endossou e Domingos usava”, e por isso ainda somos conhecidos na Inglaterra como “Frades Negros”.

[1] Godzdogz recebeu uma grande quantidade de perguntas sobre a forma e a cor do hábito dominicano, quando e como é usado, e quem pode usá-lo. Esta postagem tentará responder a estas questões.

[2] Nota do Tradutor: o recebimento do hábito no noviciado varia conforme o costume do lugar onde se realiza o noviciado. Portanto, o período em que os noviços o recebem pode variar entre o início e o final do noviciado (inclusive na celebração da profissão dos primeiros votos).

Fonte: http://godzdogz.op.org/2010/06/quodlibet-31-faqs-about-dominican-habit.html

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