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terça-feira, 26 de março de 2013


VOCAÇÃO E INTEGRAÇÃO HUMANA
Promoção vocacional dominicana
            
         


          O ser humano, na visão cristã, tem sua origem numa bipolaridade que o caracteriza como um ser continuamente mutativo em meio aos seus determinismos: divino e humano. É divino porque sua essência última é o próprio Deus Amor que se encarnou a nós mesmos no seu Filho Jesus Cristo. Sua divindade se dá pelo complexo fato de que é um mistério que abunda num corpo material e biológico que embora tendo consciência dos seus próprios limites, tem a possibilidade de esperar, desejar e dar saltos de qualidade para além das suas próprias expectativas imediatas. É humano porque está na terra (“húmus”); está condicionado por todas as possíveis variantes da espécie num corpo que possui uma instintividade e materialidade própria. Ora se domina ora se deixa dominar pelas vicissitudes da própria natureza. Sabe que pode ir além de si, mas pode escolher ser conduzido pelo que parece ser evidente.
            Diante desta simples e factual constatação, nos perguntamos: sendo divino e humano, onde se encaixa a vocação? Qual é a sua verdadeira vocação? Como ser feliz mesmo não sabendo onde deseja chegar? Porque seguir a uma voz interior difícil de escutar e discernir quando há outras vozes imediatas e mais sedutoras a se auscultar? Estas e outras interpelações sempre invadem e assolam a intimidade de todos os que buscam um sentido para além do imediatismo, presentificação e eternismo da cultura e da mentalidade atual. Qual o melhor caminho a seguir e optar diante de milhares de possíveis fontes de realização humana? No interior de todo ser humano sempre surgem indagações que nos deixam irrequietos; esta é a nossa origem e chão; não podemos fugir a isso como também a inúmeras outras cobranças das tensões que trazemos. Estas são a possibilidade para amadurecermos e nos encaminharmos numa busca de integração do que somos: divinos e humanos.
Inúmeras teorias e idéias acerca do ser humano dissimuladas pela nossa cultura nos deixam atordoados e confusos. O cristianismo desde suas primeiras reflexões apenas diz que somos divino e humano e humano e divino fundidos num corpo e num espírito. Difícil definirmos e mais difícil ainda projetarmos este para ideais inalcançáveis. Talvez a teologia e a filosofia cristã nos dão pistas. O mais importante que todas as teorias ou hipóteses é o nosso esforço autêntico em integrar estas duas realidades distintas, mas interdependentes dentro de nós. A grande vocação de todo ser humano se dá no lento e artístico processo de integração dos inúmeros feixes de possibilidades que somos. Quando somos sensíveis a este ardoroso movimento de unificação e “centramento” das origens humanas iniciamos a integração humana necessária para se viver bem.
            Além da integração destas fontes também temos que paulatinamente compreendermos nossa vontade, inteligência, liberdade, responsabilidade num plano maior. Queremos ser felizes e não percebemos que a única e verdadeira felicidade é se conduzir por meio deste plano maior da nossa vida: a vocação.
            A vocação é esta maravilhosa arte de ser conduzido por uma voz interior, uma única voz, em meio às sombras e luzes interiores que nos identifica como humanos. Não um ser que apenas vive com luzes ou somente sobrevive em meio às trevas. Somos as duas dimensões ao mesmo tempo. Até que desejaríamos separar o joio do trigo para melhor viver, mas Jesus na parábola, diz que ainda não é o momento da colheita; temos muito que semear, plantar e cultivar. Semeemos, plantemos e cultivemos nossa vida por meio de caminhos bem escolhidos; integremos também nossa divindade na humanidade e a humanidade na divindade. Organizemos por dentro para fora o que unicamente damos conta. Peçamos as luzes do Espírito Santo que com maestria nos auxilia neste envolvente caminho de integração do que somos rumo à descoberta da nossa verdadeira vocação.

Frei André Boccato, OP

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